Redução de passageiros no Aeroporto Santos Dumont começa em agosto, diz Márcio França

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O ministro de Portos e Aeroportos também comentou sobre a situação do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e assinalou com a possibilidade de uma relicitação da concessão, que desde 2014 é da Changi, de Singapura. Márcio França está em Tel Aviv no evento Porto & Mar Brasil-Israel 2023, promovido pelo Grupo Tribuna.

O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, afirmou que vai reduzir o número de voos no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, a partir de agosto. Segundo ele, a medida é uma forma de fazer com que os passageiros considerem como opção o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, na Ilha do Governador, que teve uma queda nas viagens e motivou a concessionária Changi, de Singapura, querer devolver a administração à Infraero.

França, que está em em Tel Aviv, em Israel, com uma comitiva brasileira para firmar parcerias para garantir a troca de tecnologias e inovações voltadas aos setores portuário e aeroportuário nacional, comentou ainda que, se a redução no número de voos não fosse tomada, mais de 10,5 milhões de passageiros deveriam passar pelo Santos Dumont neste ano. A escolha por agosto, de acordo com ele, é porque muitos passagens já foram compradas e emitidas.

“Vamos reduzir [o número de voos no Santos Dumont] por horário para que vá se encaixando [a redução] para chegar a 9 milhões [de passageiros] e quem sabe 8,5 milhões no ano que vem 8,5. Vamos reduzir os voos por uma questão de segurança, de conforto, porque o Santos Dumont está com muita gente ”.

De acordo com o ministro, a diminuição do número de voos no Santos Dumont, porém, não deve resolver a situação do Galeão. À Changi foi dado um prazo até maio para que decida se, de fato, vai devolver a concessão. “Se não tiver outra solução, terá que ser relicitado, como foi feito com o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) no mês passado”, explicou.

A empresa de Singapura assumiu a administração em 2014 e já investiu R$ 2,6 bilhões no Galeão, mas viu o movimento diminuir após a pandemia e afirmou acumular um déficit de R$ 7,5 bilhões na operação do aeroporto.

Visita a Israel
Autoridades do Brasil e de Israel assinaram, em Tel Aviv, uma carta de intenções para a troca de tecnologias e inovações voltadas aos setores portuário e aeroportuário nacional. Dois dos principais focos são as áreas da segurança e de mudanças climáticas. A parceria foi sacramentada no primeiro dia da Missão Internacional Porto & Mar Brasil-Israel 2023, organizada pelo Grupo Tribuna e que contará com atividades até quarta-feira (31) no Oriente Médio.

Assinaram o documento o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França; o diretor geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery; o secretário de Governo de Santos, Fábio Ferraz; o presidente do Conselho de Administração do Porto de Ashdod, Shaul Schneider; e o diretor de Inovação do Porto de Ashdod, Roy Avrahami.

Com isso, os principais órgãos portuários brasileiros e a Autoridade Portuária de Ashdod, considerado o mais moderno complexo portuário de Israel, explorarão oportunidades de colaboração em projetos que promoverão inovação, compartilhamento de conhecimento e desenvolvimento de negócios de forma conjunta nos segmentos marítimo e logístico.

A ideia é que o Ministério de Portos e Aeroportos, a Antaq e a Prefeitura de Santos facilitem a implementação de projetos desenvolvidos por startups israelenses em portos e terminais nacionais. Também haverá estímulo à realização de eventos de networking com fornecedores, potenciais clientes, câmaras de comércio e entidades empresariais portuárias brasileiras.

“Israel é um país pequeno em território, mas possui tecnologia avançada. No nosso setor, a gente quer muito essa tecnologia para efeito de segurança. Nós estamos tendo muitos problemas com relação às drogas, pessoas que tentam colocar as drogas nos navios e também nos aeroportos. Podemos fornecer para eles aquilo que nós conhecemos mais, que é a questão do espaço físico, e ao mesmo tempo servir para que eles façam amostragens daquilo que têm”, explicou Márcio França.

Outro ponto que desperta atenção das autoridades brasileiras é a prevenção de fenômenos climáticos. “O que tivemos em São Sebastião (64 mortos após um temporal no fim de semana do Carnaval) foi algo muito drástico para todos nós. Eles (israelenses) têm um equipamento com o qual conseguem prever com 48 horas de antecedência um desastre como aquele, o que pode ser muito útil para a gente”, destacou o ministro de Portos e Aeroportos.

Shaul Schneider destaca que Israel direciona seus esforços para a inovação e isso fez com que o Porto de Ashdod se tornasse um líder global no segmento, investindo em 70 startups e com tecnologia que pode ser utilizada em outras partes do mundo.

“Nós vemos algumas oportunidades junto à delegação brasileira. Em negócios, nós buscamos oportunidades tipo ganha-ganha. O que for feito deve ser bom para ambas as partes. É nossa forma de pensar. Nesse caso, nós iremos apresentar como nossas companhias trabalham com inovação e deixar os brasileiros verem o que é interessante para eles. Nós procuramos por oportunidades. Então será muito fácil fazermos negócios”, disse o presidente do Conselho de Administração do Porto de Ashdod.

Quem também vê com otimismo a carta de intenções assinada no primeiro dia da agenda promovida pelo Grupo Tribuna é o diretor geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Eduardo Nery classifica o acordo de ontem como “um passo importantíssimo para que os portos brasileiros passem para um próximo nível em termos de eficiência e produtividade”.

“A partir dessa carta de intenções, Brasil e Autoridade Portuária de Israel vão trocar conhecimento e teremos acesso ao vasto e rico conhecimento dos israelenses em termos de tecnologia e inovação. Poderemos transformar o conhecimento deles em produtos que tornem nossos portos mais produtivos e eficientes. E os projetos serão desenvolvidos para atender às nossas necessidades, não vamos estar nos valendo de produtos já prontos e que precisariam ser adaptados à nossa realidade”.

O diretor de Inovação do Porto de Ashdod, Roy Avrahami, vê o Brasil como a “capital da América do Sul e a porta do continente”. “Nós pretendemos instalar uma embaixada de inovação, que pode exportar e importar startups. Por exemplo: minha startup faz uma prova de conceito em um porto brasileiro, mostra a tecnologia, e startups brasileiras podem vir ao meu porto da mesma forma. Posso me tornar cliente. Podemos nos tornar investidores também, porque temos CVC (capital de risco corporativo)”.

Para o secretário de Governo de Santos, Fábio Ferraz, o acordo assinado ontem é uma excelente oportunidade para Santos e toda a Baixada Santista. Além disso, pode servir para dinamizar o trabalho no Parque Tecnológico da Cidade. “Precisamos disso, de startups e empresas que queiram investir e participar de nosso parque, para termos de fato um hub de tecnologia da informação atrelado à nossa vocação natural, que é o porto. É muito importante essa relação que criada aqui”.

O fato de Israel ser reconhecido internacionalmente como um país que incentiva a cultura da inovação chama atenção do secretário santista. “Nosso porto terá a chance de conhecer essas empresas que irão ofertar insumos de tecnologia. Estamos muito animados com essa perspectiva. Ainda é cedo para a gente falar em tempo de concretização do acordo, mas iniciamos uma excelente relação e vamos encaminhar tudo o mais rápido possível para que ele seja finalizado com sucesso”.

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